Polícia Civil encerra inquérito sobre receptação de carga de açúcar em Andradas

Matéria publicada na edição 948 29/06/2018
Delegado Fabrício Mariano falou com exclusividade ao Jornal Andradas Hoje sobre os trabalhos da polícia civil neste caso
No início da noite de quarta-feira, 13, as polícias Civil e Militar apreenderam uma carreta com sacas de açúcar dentro do galpão de uma fábrica de bolachas, localizada na Avenida Perimetral Antônio de Lima Valim, bairro Jardim Mirante. O motorista do caminhão, ao perceber a movimentação policial, fugiu por um matagal não sendo mais encontrado. No interior da fábrica foram encontradas aproximadamente 440 sacas de açúcar que haviam sido descarregadas do caminhão. Os autores, dois homens, de 28 e 34 anos, e a proprietária do estabelecimento, de 44 anos, foram abordados pela PM e confirmaram que negociaram a carga de açúcar com o homem que fugiu.
A carreta carregada com 600 sacas de açúcar foi roubada e desviada do Porto de Santos e levada até o estabelecimento “Bolachas Tititi” em Andradas. O proprietário da carreta registrou Boletim de Ocorrência de roubo do caminhão e da carga na delegacia de Florianópolis/SC. A reportagem conversou por telefone com o dono da carreta que informou que o motorista saiu de Florianópolis na segunda-feira, 11, com destino à cidade de Vista Alegre do Alto/SP para carregar a mercadoria e levá-la ao Porto de Santos. O assalto ocorreu em Santos, na terça-feira, 12, quando o motorista da empresa foi abordado por um Fiat/Siena e levado a uma favela próxima ao Porto. O veículo tem dois rastreadores na frente e os bandidos não perceberam, o que ajudou na localização do mesmo. “Como eu tenho o controle aqui na minha empresa, ao perceber que a carreta tinha saído da rota e estava dentro da cidade de Andradas/MG e eu não faço essa região, entrei em contato com a empresa de rastreamento e ela passou a monitorar o veículo”, disse o proprietário da carreta. De acordo com a empresa de rastreamento, a carreta ficou estacionada por três horas no estabelecimento onde foi apreendida, momento em que eles acionaram a Polícia Civil de Andradas para pedir auxílio na abordagem do veículo e seus condutores.
Na data do registro do crime, a reportagem procurou pelas polícias Militar e Civil para comentar sobre a apreensão e prisão das três pessoas, mas, devido ao andamento das investigações eles não puderam se manifestar. No entanto, nesta semana, nós conversamos com exclusividade com o delegado Fabrício Mariano que falou sobre os trabalhos realizados pela Polícia Civil de Andradas. “Aqui em Andradas foi registrado o crime de receptação. O roubo aconteceu em Santos e o caminhão foi localizado aqui com cerca de 600 sacas de açúcar numa fábrica de rosquinhas, configurando o crime de receptação qualificado, porque esses produtos serão usados no comércio, com pena de três a oito anos. Três pessoas – um casal de irmãos e outra pessoa – foram conduzidas para o plantão de delegacia de Poços de Caldas onde foi ratificado o flagrante. Após, foi encaminhado para Andradas para continuar as investigações. Com a chegada dos policiais no local o motorista do caminhão fugiu e até o momento não conseguimos identificar essa pessoa. Possivelmente seria de outra cidade e até de outro estado. Nós concluímos na sexta-feira o inquérito, obedecendo o prazo de 10 dias, e encaminhamos para a Justiça. Duas pessoas continuam presas e a mulher foi liberada, possivelmente por ser ré primária. Os outros dois suspeitos continuam presos porque já têm passagem pela polícia. Nós tivemos acesso as imagens que mostram quem supostamente seria o motorista da carreta que está sendo investigada, mas até o momento não conseguimos identificar quem é e os conduzidos não passaram nenhuma informação sobre quem seria essa pessoa. Eles alegaram que estavam comprando o material de boa-fé, mas entendemos que seja uma questão criminal uma vez que não tinha nenhuma nota fiscal, o produto era de Santos e o caminhão de Santa Catarina. Estranho uma pessoa que tem um comércio comprar matéria-prima sem nota fiscal, de uma pessoa que você não conhece, não sabe de onde é, não tem procedência. Isso aí gera um crime, um dolo, você saber que é um produto de origem ilícita. A carga de açúcar e o caminhão já foram restituídos ao proprietário na semana passada. Esse inquérito foi relatado dentro do prazo de 10 dias com os materiais que tínhamos, periciamos a carga e o caminhão encaminhamos cópia de todos os procedimentos para a delegacia de Diadema/SP, onde foi feito o Boletim de Ocorrência sobre o roubo e possivelmente eles vão encaminhar para Santos para fazer a apuração do roubo lá. Da nossa parte, as investigações especificas sobre o flagrante estão encerradas”.
O delegado informou, no entanto, que os trabalhos na tentativa de identificar o motorista da carreta roubada continuam. “Quanto a outras investigações estamos atentos para verificar se tem mais alguma coisa roubada/furtada na região por esses envolvidos. A prisão deles é preventiva e foi decretada pelo Judiciário. Agora depende da análise do Judiciário, porque foi encaminhado o inquérito para lá. Possivelmente o promotor vai analisar a conduta se é mesmo de receptação qualificada e fazer a denúncia em cima dos autores, e esse é o trâmite normal do processo”.
O delegado Fabrício Mariano ressaltou a importância da boa relação entre a polícia e o Poder Judiciário. “Aqui temos um trabalho muito bom entre as polícias, Judiciário, Ministério Público, cada um com sua atribuição. É importante fazermos um bom trabalho para dar subsídios para o promotor denunciar e para o juiz condenar, se entenderem que houve um crime nesse caso. Nosso trabalho é árduo. A criminalidade está aumentando e a quantidade de policiais infelizmente não é suficiente para apurar todos os crimes que ocorrem na cidade, mas fazemos de tudo para tentar apurar a maioria dos crimes. Apesar de não ser fácil, trabalhamos arduamente para isso”.