Óptica e make em casa: praticidade do atendimento em domicílio atrai clientes e aquece mercado em BH

Ter alguns serviços no conforto do nosso lar, como entrega de comida e itens de farmácia, já não são mais novidade. Alguns empreendedores, no entanto, têm conquistado espaço no mercado ao oferecer produtos e serviços em domicílio em áreas que, geralmente, obrigavam os clientes a se deslocarem até uma loja. É o caso do empresário Hudson Luiz, dono da óptica Pagmenos, que resolveu investir cerca de R$ 10 mil durante a pandemia em seu negócio próprio e hoje fatura levando os óculos para dentro da casa dos clientes.
“Trabalho no ramo há mais de uma década e sempre foi meu sonho ter meu próprio negócio. Mesmo antes da crise sanitária eu já havia optado pelo atendimento em domicílio, para reduzir os custos. Para o cliente também é mais prático, ele não precisa ficar indo e vindo para experimentar as peças e depois buscar o produto final. Nesse sentido, a pandemia mostrou as vantagens de ser atendido em casa e favoreceu meu negócio. É quase um modelo de venda porta a porta repaginado”, diz.
O mostruário conta com mais de 60 peças e, segundo ele, seu modelo de trabalho permite que os produtos sejam vendidos a preços mais competitivos na comparação com as ópticas tradicionais. “Consigo vender um óculos a R$ 95, que sairia a R$ 150 em uma loja. Também sinto que é uma venda mais assertiva, pois quando um cliente chega até mim ele já passou por uma indicação e já está propício a fechar negócio.”
Patrícia Delgado, analista de negócios do Sebrae Minas, concorda que a pandemia foi um divisor de águas, tornando o consumidor mais propício a ser atendido em casa e mostrando ao empresário que é possível gerar renda sem ter um espaço físico. Ela aponta, inclusive, que a comodidade do atendimento em domicílio agrega valor e pode ser usada como estratégia para aumentar o ticket médio de um produto ou serviço.
“Mas, é claro que também há desafios. O empreendedor perde tempo no trânsito, que poderia ser usado em outros atendimentos. A casa do cliente também pode não ter os recursos necessários para a realização do serviço ou sofrer com muitas interrupções de familiares ou vizinhos. É preciso ter jogo de cintura para encontrar soluções e orientar quem contrata seu serviço sobre como se preparar para ser bem atendido”, aconselha.
Já o empresário destaca que a maior dificuldade no início é a captação de clientes e que investe nas redes sociais - mesmo que elas sejam responsáveis por apenas 20% da captação dos clientes. “Fiz parcerias com blogueiras e foquei nos anúncios patrocinados. É importante estar no digital, mas o que traz clientes mesmo é o boca a boca. Depois de muitos anos atendendo, consegui uma boa rede de indicações”, garante Luiz.
Loja física: ter ou não ter?
Apesar das diversas vantagens apontadas pelo empresário, Luiz afirma que sentiu necessidade de ter, a partir deste mês, uma loja como uma nova opção de atendimento aos clientes. “Muitas pessoas sentem a necessidade de ir até o local para ver as peças e, para a imagem do meu negócio, agrega ainda mais credibilidade ter um espaço físico. Mesmo aqueles que vão ser atendidos em domicílio vão sentir uma segurança maior ao saber que também tenho uma loja na cidade”, acredita.
Já a empresária Daniela Rangel, dona da óptica Lalucca, fez o caminho inverso. Dona de uma loja física há 11 anos, ela começou a atender em domicílio como uma forma de manter o negócio vivo durante a pandemia. Ela gostou tanto da experiência que manteve essa estratégia mesmo depois da crise - enquanto suas duas funcionárias continuam responsáveis pelo atendimento na loja.
“Sinto que o cliente fica mais à vontade e tende a criar uma conexão mais profunda, o que até ajuda nas vendas. Também tenho estratégias para otimizar o atendimento. Tento marcar os clientes mais distantes nos finais de semana, para não perder tempo no trânsito, e também faço uma chamada de vídeo antes, para entender as demandas e selecionar alguns modelos de óculos para levar, o que torna a venda mais assertiva”, afirma.
Em contrapartida, ela aponta que sofre quando um cliente desmarca um atendimento em cima da hora, o que prejudica sua agenda. “Não tem como colocar outro cliente no lugar de forma tão rápida, então acabo deixando de fazer um atendimento e perco vendas”, lamenta.
No fim do dia, o saldo é positivo e, atualmente, as vendas em domicílio rendem mais faturamento na comparação com a loja física. Apesar disso, não está em seus planos fechar as portas, mesmo tendo que arcar com os custos com estrutura e funcionários. “Minha loja já se tornou uma referência no bairro e já criei uma clientela. Ainda compensa mantê-la.”
Renda extra no bolso
Outras vezes, o atendimento em domicílio é uma forma de ter uma segunda profissão e ainda gerar renda extra. Apaixonada por maquiagem, a advogada Bárbara Faria trata de assuntos jurídicos na maior parte dos seus dias e, nos fins de semana, maquia mulheres para festas, eventos corporativos e sessões de fotos. Com um serviço que custa R$ 190, ela conta que fatura cerca de R$ 1500 por mês, atendendo uma média de oito clientes.
“É muito vantajoso financeiramente, porque utilizo carro de aplicativo para me deslocar, então repasso o valor das corridas no preço do atendimento. Além disso, o serviço em domicílio não me gera custos de alugar um espaço e nem compromete a minha privacidade, o que aconteceria se eu realizasse o serviço na minha casa”, diz.
Ela também diz que esse tipo de atendimento ajuda as mulheres que têm dificuldades em se deslocar para ter acesso ao serviço. “Muitas mães que não têm com quem deixar os filhos e só conseguem fazer uma maquiagem mais elaborada se receberem alguém em casa. É bom para mim e para elas”, fala.
Qual é a sua reação?






